terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Entrevista com Felipe Sobral - SoulJah



Fellipe Souljah Sobral



Guitarrista, tecladista e cantor, Fellipe Souljah teve seu talento reconhecido tanto nacionalmente, como no exterior. Internacionalmente, atuou como músico integrante da banda e produtora Rightrack, em Londres. Foi guitarrista de grandes festivais da Europa como Jamrock Festival (Alemanha) e Caribbean Showcase (Londres). Nos Festivais, Souljah subiu aos palcos com músicos conhecidos no mundo inteiro. Fellipe tocou ao lado de Michael Grammy Rose - vencedor do primeiro Grammy concedido a uma banda de Reggae e cantor da banda Black Uhuru, Dawn Penn - famosa compositora do hit No No No (You dont Love me) topo das paradas na Europa e USA- e também ao lado de Iqulah Rastafari - conhecido como o Embaixador do Reggae. Ainda na Inglaterra foi convidado por Michael Rose para participar da gravação de um álbum produzido por Paul Fox (Shades of Black), no qual tocou guitarra e compôs juntamente com Michael a musica Wrote a Letter to Myself. Após este trabalho o músico continua gravando em parceria com Paul Fox (Shades of Black) Dubplates de diversos artistas da Inglaterra. Em Brasília é guitarrista, produtor musical e vocalista da banda Brasucas. Neste ano, o grupo se prepara para lançar o novo álbum “Amor de Jah” que contará com participação especial do cantor Michael Rose e de seu primo David Simpson. No país, o músico participou de shows e gravações de bandas consagradas do reggae nacional, entre elas: Jah Live, Jahcareggae e Arawaks. Além da carreira de músico, Souljah é conhecido também como produtor musical. Na bagagem, ele traz gravações e mixagens que realizou em grandes estúdios, dentro e fora do país, entre eles, JetStar Studios (VP records-Londres), Sync Studios (Londres), Zed One Studios (Londres) e Orbis Studio (Brasília).

1- Quando nasceu seu interesse pela musica Rastafari?

Lembro quando vi o filme Caribbean Nights. Eu era bem jovem, uns 16 anos, e nesse momento eu já vinha buscando um norte com relaçao a objetivos e filosofia de vida. Nasci em Brasília, uma cidade extremamente nova e que há alguns anos não tinha muitas opções culturais, entao o acesso a cultura rasta aconteceu primeiramente atraves de livros como o Kebra Nagast, videos e essencialmente pela música. Foi logo após esse primeiro contato que tive uma intensa convivência com o grupo Congo Nya, consolidando cada vez mais a fé e a cultura.

2- Como foi pra você a experiência de trabalhar no exterior com músicos de grande prestigio no mundo inteiro? E de que forma isso ajudou em seu crescimento musical?

Existem momentos na vida em que estamos no lugar certo, na hora certa. Quando saí do Brasil nunca imaginei a possibilidade de trabalhar com músicos do porte de Mykal Rose, Dawn Penn e Iqulah. Sei que Jah tem um propósito na minha vida e essa experiencia foi prova disso. Na vida temos diversos momentos de crescimento, humano e musical, mas andamos por Montes e Vales. Durante o tempo que estava com a banda Rightrack/Gideon Force houveram momentos dificeis também, mas que serviram pra aumentar ainda mais esse crescimento. Vale dizer também que em Londres eu tinha uma outra banda, de rap, só com brasileiros chamada Projeto Ilegal. Aprendi muito tambem em termos de produção com essa galera do Projeto, ate então eu não sabia o que era uma MPC, Rima Freestyle e esse tipo de coisa. Hoje tenho uma grande influencia de Rap e Ragga graças a essa experiencia, além é claro do Reggae. Um outro lance interessante é que o Mykal dificilmente ouvia reggae em casa, a não ser os que ele gravava. Ele escutava muita música Americana, R&B principalmente, e acabei aprendendo a ouvir esse tipo de som, e gostando muito por sinal. Antes eu me fechava muito no Reggae, e depois acabei me abrindo pra outros sons e isso me ajudou muito em termos de percepçao. Foi uma Revoluçao.

3- Como foi que surgiu seu interesse pela produção musical?

Sempre gostei de gravar, mas nunca tinha grana pra fazer num estúdio legal. Na época que gravamos o CD, a gente (bRASucas) participava de um projeto cultural da secretaria de cultura chamado Arte por Toda Parte, entao a gente conseguia uns shows com caches legais com uma certa frequência. Então a gente conseguiu gravar no Orbis, um estúdio muito bom aqui de Brasilia, que trabalha com Pro Tools. Acabei aprendendo alguns comandos e a partir daí a coisa foi se desenvolvendo, na Inglaterra o acesso a equipamentos era mais facil e em alguns meses eu tinha um G4 em casa, e quem trabalha com produção sabe o que isso significa. O resto é história.

4- O que acha que temos de bom na musica Rastafari em nosso País?

O grupo Congo Nya faz um trabalho sério aqui em Brasîlia, e foi minha primeira referência real em termos de Rastafari. Dentro do reggae eu destacaria algumas bandas e artistas, como Jah Live, Jahcareggae, Ponto de Equilíbrio, Arawaks, Aliança, Leoes de Israel, Ras Bernardo, Digital Dubs, Dada Yute, Rafael Peppe, Lei di Dai, Douglas Earl, Jimmy Luv, Raggademente, Solano Jacob, Junior Dread, QG Imperial, bRASucas (é claro rs) entre muitos outros que vem se destacando.

5- Como você acha que é a difusão da cultura reggae dentro e fora do Brasil?

Acho que fora do Brasil, os países mais fortes sao França, Inglaterra, e EUA, onde o reggae tem muito valor, público e espaço. Aqui no Brasil estamos num processo de fincar uma bandeira do verdadeiro Reggae, sua cultura e raízes. Os artistas que citei juntamente com muitos outros, da nova e velha escola, tem sido os responsáveis por esse processo.

6- Você tem uma banda de Reggae aqui no Brasil. Banda Brasucas, que esta lançando esse ano um álbum, Amor de Jah. O que temos de novidade no álbum?

Esse Album ta no forno desde 2005, então tem bastante trabalho envolvido. Essencialmente Reggae, com pitadas de Ragga, Reggaeton e R&B e ritmos brasileiros. O CD conta com a participação de diversos artistas, entre eles o ilustre Mykal Rose e seu primo David Simpson, fazendo duas versões “bombásticas” de um mesmo Riddim.

7- Quem são os outros integrantes da banda, se puder fale um pouco deles.

Na bateria Marcelo Pahl, na minha opiniao um dos melhores da cena Nacional, domina todos os estilos relacionados ao reggae e dispensa comentários. No baixo Felipe Terrana, discípulo fiel de Robbie Shakespeare, dorme abraçado com discos do Black Uhuru. Nos teclados Emanuel Ferreira, estudante dedicado e amante do Lovers Rock, dono de melodias Zionísticas. Pra completar o Quarteto, esse que vos fala, Fellipe Souljah nos vocais e guitarras.

8-Como surgiu a idéia da formação da banda?

Todos na banda sao amigos, uns de infância, outros de adolescência. Tocar sempre foi como jogar bola, natural. A gente se reunia na casa do Marcelo e cada um mostrava o que conseguia. Depois disso cada um foi encontrando sua maneira de aprimorar a técnica e estilo. Entao bRASucas é Família acima de tudo.

9- Vocês trabalham com produção independente. Como está sendo trabalhar assim nos dias de hoje onde com internet a muita distribuição de musica em download e pirataria?

A Internet é hoje amiga e ao mesmo tempo inimiga das artistas. A pirataria é inevitável e muitas vezes até benéfica no que diiz respeito a distribuiçao, mas o lado ruim é que o artista nao consegue mais lucrar com a venda das músicas. Por outro lado a música é hoje acessível a todos e isso é extremamente positivo. Além disso nos dias atuais fica muito mais fácil a produção independente, com equipamentos mais baratos que geram bons resultados. Nesse Album allgumas músicas foram produzidas na minha casa quando eu ainda morava na Inglaterra, gravei todos os instrumentos com um computador e o resultado foi bem positivo, e em breve todo mundo vai poder ter uma opinião rs...

10-Queria que deixasse agora uma mensagem pra todo o pessoal que é fã da banda Brasucas e agradecer por ter colaborado com a gente nessa matéria. Nós do Reggae a vida com equilibrio estaremos aqui sempre para apoiar vocês do Brasucas em qualquer coisa! Abraços e fica na paz de Jah.

Agradeço de coração a todos aqueles que valorizam a música dos reis, tão discriminada no nosso Pais, mas que ao longo dos últimos anos vem conquistando mais e mais respeito e espaço. Respeito Máximo ao site Reggae a Vida com Equilibrio pela oportunidade. Em breve o CD estará nas ruas, espero que todos gostem, tem muito trabalho e dedicação envolvidos e com certeza não para por aí, além das músicas que estão nesse cd tem várias outras no forno só esperando o próximo ano pra nascerem, e lembrem-se sempre:

QUANTO MAIS QUENTE A BATALHA MAIS DOCE A VITORIA!!!

Nenhum comentário: