terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Biografia de Bob Marley - Parte I



Foi em 1945 quando terminou a Segunda Guerra Mundial. Ainda, em 1945, houve outro grande acontecimento que só celebraram alguns moradores da pequena vila jamaicana de Nine Miles, interior rural no norte da Ilha da paróquia de St. Ann. Foi em 6 de fevereiro de 1945 quando nasceu Robert Nesta Marley, filho de Cedella ‘Ciddy’ Malcolm (mais tarde em muitos lugares apelidada de Booker, ao voltar a casar-se nos EUA), uma mulher negra de dezenove anos, e de Norval Sinclair Marley, um jamaicano branco de classe alta e origens inglesas, de mais de cinqüenta anos, que havia decidido ir viver no campo. Ainda casados, os dois nunca viveram juntos devido à desaprovação da família de Marley, que ameaçava deserdá-lo.
Para entender melhor o papel de Bob Marley é necessário retroceder um pouco no tempo.
A pesar de que a escravidão foi abolida na Jamaica em 1834 aqueles dias de sofrimento ainda permaneciam na memória dos descendentes de africanos que, mesclados com os costumes ingleses, formam parte da cultura da ilha. Já no começo do século passado (1900) a herança africana começou a ter uma expressão política da parte de Marcus Garvey, um pastor jamaicano que fundou a Associação Universal para o Desenvolvimento Negro. Uma organização que defendia a criação na África de um país negro, livre de dominação branca, que recebesse de volta todos os descendentes de africanos exilados na América e em todo o mundo. Com essa foi intenção que Garvey Chegou a fundar uma compania navegação a vapor, chamada Black Star Line. Marcus Garvey ainda é recordado na Jamaica também por outro motivo: O pastor atribui uma profecia escrita em una obra de teatro que, de algum modo, acabaria estendendo-se entre a população negra. Há quem diga que a família de Marcus Garvey negava sempre que dissesse tal coisa e indicado em repetidas ocasiões que Marcus Garvey no acreditava em Haile Selassié.
A suposta profecia indicava que na África surgiria um rei negro, em 225 descendentes da linhagem de Menelik, filho do rei Salomão e da rainha Saba, que liberaria a raça negra de todo domínio branco. Anos depois, apareceu esse rei. Em 1930, Ras Tafari Makonnen foi coroado Imperador de Etiópia e passou a chamar-se Haile Selassié. E neste mesmo momento, alguns dos seguidores de Garvey, junto aos crentes de muitas igrejas panafricanistas e proetíopes que acreditavam no Holy Piby (a Bíblia do Homem Negro)
na Jamaica começaram a considerar que a profecia havia sido cumprida e começou a expandir-se um sentimento, que chegaria a formar a religião que hoje se conhece como Rastafarismo.


(Bob Marley com 4 anos)

Regressamos a Nine Miles. A vizinhança de Bob acreditava que aos três anos ele possuía poderes psíquicos. Lia a mão de varias pessoas em sua cidade, revelando-lhes um surpreendente conhecimento íntimo de suas vidas. Norval chama seu filho a Kingston onde se compromete a educá-lo. Omissa, mais de esperança, Cedella manda Bob a Kingston em um microônibus, onde o menino se encontra com seu pai. Mais este em lugar de mandá-lo a uma escola, o manda para viver com uma anciã enferma e Bob nunca mais vê seu pai. Passaram-se quase 18 meses até que sua mãe o encontrou para levá-lo de volta a Nine Miles. A decisão de mudança Levou Bob e Cedella a morar com Omeriah Malcolm, pai de Cedella e patriarca familiar. Conhecido por Custos era um homem respeitadíssimo por seus conhecimentos e sua condição de myalista, um homem capaz de lutar contra os espíritos malignos manipulados por obeah, Um tipo de vudú praticado na Jamaica. Para Omeriah, seu neto seria seu sucessor, já que “estava tocado pelo dedo do Senhor”.

Em seu regresso a St. Ann, mais uma vez, pediram a Bob que lesse a mão de uma amiga de sua mãe. Que se nega, anunciando: agora sou cantor.
Naquele tempo Toddy Livingstone e seu filho Neville O’Riley Livingstone, mais conhecido como Bunny, se mudavam para Nine Miles. Bob tinha 11 anos e ambos começaram a ser bons amigos, relação que se fortalece quando a mãe de Bob vai morar com o pai de Bunny. Ao começo dos anos 50, Kingston, a pesar de não oferecer muito trabalho, era a terra dos sonhos para os habitantes das zonas rurais da Jamaica. Multidões se dirigiam até lá para engrossar fatalmente a população de barracos que já crescia no lado oeste da cidade. A maior e mais miserável de todas era Trench Town, a que Cedella e sua nova família se mudaram no final dos anos 50. Bob foi crescendo na rua, junto com outros meninos de sua mesma condição, em especial junta de Bunny, com quem começou a tocar latas, caixotes de madeira, tabuas de lavar e guitarras improvisadas em casa. O som que tentavam imitar era o das canções radiadas pelas emissoras do Sul dos Estados Unidos, que conseguiam captar em seus rádios, tocavam musicas de artistas como Ray Charles, Curtis Mayfield, Brook Benton e Fats Domin, grupos como The Drifters, que eram muito populares na Jamaica.

Com 14 anos Bob deixou a escola e conseguiu um emprego como soldador.
A musica ainda era o grande objetivo de sua vida. A busca desse objetivo encontrou dedicação exclusiva quando um cisco do equipamento com que trabalhava lhe queimou um olho. O acidente serviu para que ele Deixasse o trabalho e se concentrasse junto a Bunny exclusivamente no aperfeiçoamento de sua música.

Copiado, traduzido e incorporado por Gisele Sales Andrade.
Publicação autorizada pela A.C.R (Associação Cultural Reggae).
Fonte (cópia original): Bob-Marley.es : www.bob-marley.es

2 comentários:

APLB IPIRÁ - SERTANEA disse...

o rei continua vivo em nós, amor a Bob !!!

Unknown disse...

Pra sempre Bob Marley!
Não existirá outro igual